sábado, 17 de agosto de 2013

Porque os gays querem se casar na igreja?

Esta pergunta já há algum tempo tem sido levada a diversos grupos de discussão. Especialmente quando no Brasil atualmente há uma onda de reivindicações sendo analisadas, tanto no âmbito da justiça quanto do legislativo. Porque será que diferente dos anos 60 e 70, quando algumas instituições tradicionais, em destaque - a igreja cristã e família, foram alvo de críticas e ataques, há uma busca pelo casamento religioso? Atualmente as posições passaram por nítida revisão: daquele comportamento de oposição, para no caso do casamento quase que uma busca frenética de direito e desejo de franqueado o acesso a todos. Saímos do pólo do ultrapassado e careta para o modismo alardeado. Casar com véu, grinalda e fraque, na igreja, sendo abençoados por algum líder religioso, fazer promessas diante de “deus”; porquê isso se tornou tão importante? Do ponto de vista dos defensores da proposta estaria assegurado o direito a todos, de inclusão nos ritos oficiais da sociedade - a conhecida bandeira da Inclusão Social, contra o que se entende, no caso de negativa do casamento, como Discriminação. A questão fica mais apimentada quando se quer oficializar casamento entre pessoas do mesmo sexo, em igrejas cujo corpo doutrinário, norteador de princípios e valores, não admite e até mesmo repudia tais práticas, mesmo que este direito ocorra por mudança das leis ou obrigatoriedade jurídica movida em algum tribunal. No geral, as religiões cristãs preservam em seu corpo de doutrinas como referencias pétreas as orientações da Bíblia Sagrada. A mesma que em seus escritos deixa claro a reprovação às práticas homossexuais, ou união conjugal entre pessoas do mesmo sexo. Como conjugar então tais incompatibilidades? Estaria resolvido se os interessados no casamento aceitassem que as cerimônias fossem realizadas por igrejas que não se opõem a tal solicitação. Infelizmente, no Brasil (e na maioria dos países do mundo) para desagrado dos gays, são poucas as que oficializam tal casamento em suas paróquias, não cumprindo em sua essência, pela sua presença inexpressiva, a inclusão e reconhecimento social tão anelado pelos interessados. Voltamos à situação anterior, e levantamos outra questão? Porque alguém reivindicaria casar numa igreja que em seu corpo doutrinário deixa claro a reprovação de seu ato - a não aceitação de sua condição de homossexualidade? A grande reação de oposição dos religiosos usa este questionamento e se sente ultrajado em sua fé. Concluem que os gays, que buscam o respeito, em sua empreitada de reivindicação atropelam o direito dos demais, que ainda são a maioria. Casar em uma igreja cujas doutrinas repudiam o casamento gay representaria para o grupo de religiosos o mesmo que pisotear suas raízes, seus símbolos sagrados e norteadores de sua fé. Uma verdadeira afronta, pois os nubentes, casando nessas igrejas, estariam em sua própria condição, debochando dos princípios que regem o ritual da cerimônia do casamento religioso. Para os religiosos não se trata apenas de uma cerimônia e sim de um valioso símbolo de natureza espiritual, de elo entre Deus e o homem, sob Sua benção e orientação, que no caso do casamento gay estaria sendo rebaixado a uma formalidade social, uma vez que pela própria incompatibilidade demonstram não crer em nada disso. Mas a pergunta ainda paira: Porque os gays querem se casar na igreja? Outra linha de entendimento levanta a hipótese de que existe uma espécie de “incômodo psíquico”. Nas profundezas de sua psiquê o indivíduo gay teria uma necessidade de se acertar, pela sua condição reprovada, diante de Deus. A benção religiosa do casamento proferida oficialmente por um líder religioso, de certa forma cumpriria o papel de reconciliação e aplacaria a culpa existente devido a sua condição contraditória e desafiadora das tradições sociais, familiares e das crenças do grupo em que foi socializado. Este rito, psicologicamente, lhes traria sensação de perdão e acerto com a divindade e com a sociedade, uma vez que a igreja cumpre estes dois papeis. Existem ainda aqueles que acreditam que seja uma tentativa autoritária de impor as igrejas, pela lei, a mudança em suas crenças, ordenanças e crenças fundamentais. Em nome do chamado Direitos Humanos se obrigaria as instituições religiosas a regularem suas práticas a partir da liberdade de expressão de cada individuo. No fundo se reduz a um direito se impondo sobre outro direito – o de liberdade religiosa. Finalmente, existiria ainda outra visão que simplesmente reduz tudo a uma necessidade de festa – fotos, amigos, champagnes, pompa, etc... da qual este grupo estaria segregado, sem direito a ter sua própria história registrada em álbuns e lembranças, típicos do casamento tradicional. Em meio a tantas questões cada um componha as suas explicações, porque certamente existem ainda muitas outras razões possíveis...