domingo, 20 de maio de 2007

Aprenda controlar a Raiva.

O QUE É A RAIVA (ou IRA)?
“ Uma paixão intensa ou sensação de desprazer, e freqüentemente antagonismo a pessoas, coisas ou fatos, exacerbada por uma sensação de mágoa ou insulto.”

QUEM SENTE RAIVA?
“Todas as pessoas fisiologicamente perfeitas nascem com potencial para sentir e expressar raiva. Mas as coisas que nos causam raiva, as formas como a sentimos e as atitudes que tomamos quando estamos com raiva não são as mesmas para todos . As formas individuais, particulares de como reagimos são APRENDIDAS.” (Dr. Theodore Rubin)

QUAL A ORIGEM E O PROPÓSITO DA RAIVA ?
A Raiva é uma experiência transcultural, isto quer dizer que em qualquer cultura do planeta as pessoas têm reações de raiva. É uma experiência universal. Origina-se de nossa natureza moral. Os seres humanos são seres morais. Isto significa que para vivermos em comunidade estabelecemos normas éticas, direitos, deveres e regras de comportamento. Atribuímos valor de certo ou errado as condutas humanas, e defendemos o direito e a justiça. Estes acordos sociais variam de lugar para lugar, de grupo para grupo. Uma vez que estas normas estejam claras passam a fazer parte da vida interna do individuo influenciando nos significados de suas ações e na interpretação dos fatos e situações diversas. A raiva está ligada a este sistema de representações sociais.
As dimensões emocionais, fisiológicas e cognitivas da raiva dependem do grau simbólico da ofensa. A percepção de um fato e a sua interpretação estão ligadas diretamente a construção dos significados e esquemas de conduta aprendidos na infância. Aprendemos a que reagir e a maneira como reagir.

Propósito da Raiva:
> Reagir construtivamente diante de situações injustas
Raiva não é pecado. Não é maldade. Não é obra do diabo.

APRENDENDO A REAGIR COM RAIVA
É na nossa infância que entramos em contato com a raiva. Convivendo com nossos familiares assimilamos comportamentos raivosos, geralmente tal aprendizado se dá através de 3 mecanismos:
a) IMITAÇÃO – desde cedo a convivência familiar modela nossas ações. Copiamos principalmente nossos pais, seus jeitos de reagir às diversas situações.
b) REPETIÇÃO – Tendemos a repetir os comportamentos deles diante das situações ofensivas ou injustas;
c) IDENTIFICAÇÃO – Os fatos reconhecidos como ofensivos ou injustos pelos pais, geralmente tem o mesmo significado nos descendentes.

COMO É ATIVADA A RAIVA?
A Raiva é sempre estimulada por um FATO. Geralmente as reações incorporam palavras e atos de insatisfação.

NÚCLEOS DE ATIVAÇÃO DA RAIVA
PENSAMENTOS: é em nossa mente que ocorre a análise dos fatos e situações ao nosso redor. Se concluirmos que o fato é injusto temos a formação do núcleo da raiva. Por exemplo: - Mulher sobre o marido: “Se ele se importasse comigo, telefonaria. Ele não tem consideração por mim. Tudo que ele pensa é em seu trabalho.” - Marido sobre a mulher: “Eu conserto as coisas em casa, tomo conta do bebê enquanto ela sai com a mãe e nunca recebo nem um muito obrigado.”

EMOÇÕES: Ao concluirmos que um fato é injusto reagimos emocionalmente. Decepção, dor, rejeição, vergonha geralmente surgem neste momento. O que pode promover reação ou retração nas relações interpessoais.

MUDANÇAS FISIOLÓGICAS: Em nosso corpo também se dá a tradução do efeito ofensivo.
> Glândulas Supra Renais – descarga de adrenalina / noradrenalina, componentes químicos atuam na estimulação, tensão, excitação e calor da raiva.
> Mudanças nos batimentos cardíacos, respiração, pressão sanguínea e trato digestivo.

A grande questão agora é:
É POSSÍVEL CONTROLAR PENSAMENTOS, EMOÇÕES, REAÇÕES FISIOLÓGICAS?
Certamente o mais complicado seja controlar os pensamentos. Ele é a raiz, o núcleo do comportamento irado. Cabe ao individuo aprender a controlar seus pensamentos.

Em resumo: Raiva (ira) é o conjunto de emoções, pensamentos e reações físicas que experimentamos, quando concluímos que algo nos agrediu ou alguém nos tratou de modo injusto.

DIFICULDADES:
A percepção de injustiça nem sempre é correta. A natureza humana é limitada e egoísta, e, além disso, o que para mim parece injusto, pode não ser para o outro. A maneira como fui educado pode não corresponder ao meio em que eu vivo, logo passo a sofrer por causa das reações das pessoas. Fatores relacionados a auto-estima baixa podem também interferir na maneira com que eu reajo.

Podemos dividir as reações de Raiva em duas:
1) RAIVA LEGÍTIMA – baseada na interpretação e reação adequada ao fato. Houve um mal e eu reajo a ele de maneira assertiva e construtiva.
2) RAIVA DISTORCIDA – baseada em falsas impressões e reações comprometidas. É uma raiva que não tem razão de existir. É o resultado de uma percepção errônea de um fato. Geralmente não está ligado a nenhuma transgressão moral.
Segue geralmente este trajeto: ACONTECIMENTO >>> INTERPRETAÇÃO ERRÔNEA >>> RAIVA

ANTES DE REAGIR PERGUNTE-SE:
- Minha ação é POSITIVA em lidar com o erro e tornar saudável a relação?
- Minha ação é AMOROSA, ou seja, visa beneficiar o outro que estou lidando no caso, ou é só revanchista ?
- Que erro foi cometido? Conheço todos os fatos?

Resposta Construtiva à Raiva: Honestidade, Clareza e Amor.

CINCO ETAPAS PARA LIDAR COM A IRA
Adaptado: Dr Gary Champmam
1) Admita conscientemente que está irado
2) Adie sua resposta imediata
3) Localize o foco da ira
4) Analise suas opções
5) Tome uma atitude construtiva

LEMBRE-SE DOS SIGNIFICADOS:
Muitos padrões Internos emocionais e intelectuais foram aprendidos na infância e cultivados durante os anos de existência. Cada um de nós teve experiências diferentes, logo o significado de cada atitude varia de indivíduo para indivíduo. O que para você representa atributos e valores inquestionáveis podem não encontrar equivalência no outro. Ex. pontualidade, respeito, perfeccionismo, expectativas, certo x errado etc... O erro mais comum que cometemos é expressar a Raiva através de Julgamentos. O caminho praticamente tem seu percurso definido: acusações – cobranças – ressentimentos – reações

A RAIVA E SUAS REAÇÕES:

Explosão: ocorre quando são adotadas atitudes, gestos e palavras agressivas, descontroladas e imediatas. “Bateu, levou.” “Pisou no meu calo.” “Falei o que pensava.” Acompanhadas de gritos, xingamentos, destruição patrimonial e em muitos casos agressões físicas. Resultados:
- Não é construtivo (prejudica o relacionamento);
- Destrói a Auto-estima (depressão);
- Cria barreiras entre as pessoas (compromete as relações futuras);

Implosão: não é reconhecida facilmente porque está aprisionada no interior do indivíduo. Normalmente caracterizada por 3 elementos: - Negação, Retração e Introversão. Negar a raiva não elimina seu poder destrutivo, geralmente traduzida no corpo. Tentativa vã de sabotagem a si mesmo, criando desculpas ou ilusões. Retrair-se corresponde a necessidade de afastar-se das pessoas, situações e locais originários da raiva. E Introversão é a capacidade de transformar os estímulos em cenas permanentes, alimentados por pensamentos secundários. O fato vira uma novela que ocupa permanentemente a mente.

A Ira Internalizada gera:
COMPORTAMENTO PASSIVO-AGRESSIVO
- Incapacidade em atender alguns pedidos (desinteresse sexual)
- Redirecionamento da raiva para outras situações e pessoas (confusão)
- Repressão: estresse físico e psicológico (hipertensão, colite, enxaqueca, coceiras, cardiopatias)
- Pensamentos persecutórios, Depressão, Surtos e Suicídio.
- Ressentimento, amargura, vingança e ódio = PECADO

SOLUÇÃO: DIALOGO + ARREPENDIMENTO + PERDÃO
- Esclareça a questão com o ofensor, explicando sua percepção, e o mal que isto lhe ocasionou.
- Dê oportunidade para o outro dar sua versão do fato – OUÇA.
- Busque o entendimento. Julgamentos e retaliações não ajudam solucionar o caso. Ofereça/admita o Perdão.
- Esteja consciente que algumas conseqüências poderão permanecer.
- Comprometa-se em superar a situação.

LIDANDO COM TRAUMAS E RAIVAS ANTIGAS

Existem fatos injustos, traumas do passado que podem afetar toda a vida do individuo durante muito tempo, e às vezes seus resultados são permanentes. É importante livrar-se deste mal:

1º - Faça uma relação das injustiças cometidas contra você;
2º - Examine cuidadosamente a lista, e veja como você lidou com a raiva em cada situação (não importa há quanto tempo);
3º - Identifique as reconciliações impossíveis, veja o que de sua parte pode ser feito, decida esquecer e livre-se delas;
4º - Quanto aos outros resolva se vai “deixar pra lá” ou se vai buscar a reconciliação ou esclarecimentos. Pode ocorrer do outro nunca imaginar que lhe ocasionou tanto mal.
5º - Se for o caso utilize um mediador.
6º - Busque o perdão. Aprenda a perdoar a você e ao outro.

RAIVAS ESPECIAIS
Existem algumas raivas que não podemos admitir abertamente. Elas geralmente são encobertas e inconscientes. Nem por isso tem menos peso sobre a nossa vida. É importante buscar ajuda especializada neste caso. Por não ser consciente pode vir à tona em situações inesperadas e inusitadas. Tenha coragem busque ajuda. Estas raivas especiais são: contra Deus, contra os Filhos, contra os Pais e contra o Cônjuge. Por causa de religião, educação repressora ou princípios morais dificilmente são admitidas.

“Irai-vos e não pequeis, não se ponha o sol sobre a vossa ira...” São Paulo

sábado, 12 de maio de 2007

É possivel ser fiel?

Apenas um em cada quatro brasileiros casados espera fidelidade do parceiro. Isso significa que 75% das pessoas comprometidas acreditam que, mais cedo ou mais tarde, podem ter de encarar a traição. Os dados são de uma pesquisa que ouviu mais de mil pessoas casadas (ou com parceiro fixo) no Brasil.

"Parece que ter um relacionamento extraconjugal já foi incorporado pela nossa cultura, mesmo que isso não seja o que as pessoas almejam", diz a psiquiatra Carmita Abdo, professora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, e coordenadora do Projeto Sexualidade do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP, que fez a pesquisa sobre o comportamento sexual do brasileiro, em 2000.

Num livro recentemente publicado nos Estados Unidos, o psicólogo David Barash e a psiquiatra Judith Eve Lipton dedicam-se a questionar o que chamam de mito laboriosamente erigido pela cultura humana: a monogamia. Escrito com enorme graça e fluência,The myth of monogamy: fidelity and infidelity in animals and people (“o mito da monogamia: fidelidade e infidelidade em animais e pessoas”, ainda inédito no Brasil) dedica-se a confrontar de forma erudita a propalada idéia de que homens e mulheres seriam naturalmente predispostos a viver juntos até que a morte os separe.

Barash e Lipton mostram que são outras coisas – bem distantes de coloridas certidões de casamento e de funestos atestados de óbito – que costumam unir ou desunir casais. “A tendência à infidelidade é natural, o que não quer dizer que seres humanos não possam resistir”, diz David Darash, professor de psicologia na Universidade de Seattle, no estado americano de Washington. E, como exemplo da naturalidade dos instintos infiéis, Barash (ele próprio “resistindo” há mais de 20 anos em seu casamento com Judith, co-autora do livro) lembra que, entre os outros animais, a monogamia praticamente inexiste. E quando há, a incidência maior é da parte das fêmeas. “Monogamia geralmente implica exclusividade”, diz o casal de autores.

“O mais poderoso mito que envolve a monogamia é aquele que diz que, ao encontrarmos o amor das nossas vidas, nos dedicaríamos inteiramente a ele”, afirma Barash. “A biologia mostra que há um lado irracional e animal no comportamento humano.” O que nenhuma explicação científica parece dar conta é do componente fundamental de toda relação humana: o amor. Sentimentalismos (e biologia) à parte, é o amor que sedimenta o envolvimento entre dois humanos que se gostam.

Por mais que se queira justificar a Infidelidade utilizando-se o argumento biológico está claro que os seres humanos são muito mais do que o biológico. Somos seres influenciados e sobredeterminados pela cultura. Segundo Laraia (2001), a cultura não só condiciona nossa visão do mundo, como também interfere no plano biológico. Desta forma muito da chamada tendência biológica fica submetida a uma ordem maior: a Cultura.

O ato criador da humanidade, a partir do primeiro casal, deixa claro que o plano divino da sexualidade e casamento vai muito além dos instintos e desejos. A fidelidade estaria subentendida na expressão e “...serão uma só carne”. A dedicação e exclusividade do casamento sedimenta e fortalece a união, um terceiro individuo destrói esta harmonia.

Mesmo em tempos pós-modernos, como toda a suposta liberação sexual, o tema fidelidade ainda é requerido e defendido nas relações amorosas. Em recente pesquisa no Grande Rio, entre 400 mulheres evangélicas, pode-se comprovar que entre tantos atributos e condições, para a Manutenção do Casamento a fidelidade é tida como a atitude mais importante entre os cônjuges. Maior ainda que o Amor. Cerca de 98% das 400 mulheres entrevistadas afirmaram que homens e mulheres devem permanecer fiéis na relação, não concordam com a infidelidade mesmo com a ausência do amor.

Até mesmo a CNBB reiterando o valor da fidelidade conjugal em recente carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva diz: “É preciso ter a coragem de dizer a verdade aos filhos, à sociedade e ao estado: não existe sociedade estável sem família bem constituída; não há família bem constituída sem fidelidade conjugal; e não há fidelidade conjugal sem educação da afetividade e do sexo, sem autocontrole.”

A fidelidade é própria de pessoas amadurecidas, que são capazes de discernir os verdadeiros valores e pagar por eles o seu preço. O bem do matrimônio e da família merece que seja vencida qualquer tentação de adultério.

Por outro lado a fidelidade é um valor que precisa ser ensinado e reforçado inicialmente na família, até que esteja internalizado na conduta no indivíduo. “Deve a mente ser exercitada por meio de provas diárias a hábitos de fidelidade, a um senso das reivindicações do direito e do dever acima da inclinação e do prazer. As mentes assim exercitadas não hesitam entre o certo e o errado, como o junco oscila ao vento; mas tão logo se lhes apresente o assunto discernem imediatamente que o princípio está envolvido, e instintivamente escolhem o direito sem discutir o assunto por muito tempo. São leais porque se exercitaram para hábitos de fidelidade e verdade.” Testimonies, vol. 3, pág. 22.

A receita de Fidelidade parece simples: - começando pela fidelidade nas coisas pequenas é que a alma pode ser qualificada para agir com fidelidade sob responsabilidades maiores.

quarta-feira, 2 de maio de 2007

INFIDELIDADE CONJUGAL

Todos nós temos visões de um amor e um casamento perfeito no qual nunca machucaremos um ao outro, relevaremos as faltas, seremos honestos, abertos, exclusivos, encorajadores e fiéis.Como é possível que tais compromissos sejam abandonados, e homens e mulheres traiam-se mutuamente, e com o passar dos anos, cada vez mais? Pesquisas atuais nos dão alguns números referentes aos casos de infidelidade.

A revista Veja (Jan/2002) trouxe uma pesquisa que revelam que 47% das mulheres e 60% dos homens comprometidos são infiéis. Estas traições geralmente ocorrem nos primeiros 4 anos de relacionamento, e que as razões masculinas, comumente, estão ligadas ao sexo propriamente dito e a das mulheres a problemas de relacionamento. A mesma revista em outra pesquisa aponta que o fator considerado mais importante numa relação é a fidelidade, confirmada pela recente pesquisa entre mulheres no RJ (Nascimento, 2004). Contradição?!? Como podemos valorizar tanto a fidelidade, odiar a traição e ser complacentes com os casos extra-conjugais, que atualmente ocorrem aproximadamente, em 2 de cada 3 casamentos?

É inegável o dano psicológico para ambos – traído e traidor. Compreender com isto ocorre pode nos ajudar a perceber, antecipar e prevenir o processo que cedo ou tarde pode desenvolver-se em nossa vida.

Os casos na maioria das vezes reflete tentativas de satisfação de expectativas não atendidas, consciente ou inconscientemente, de natureza frustrante numa relação. Tal busca de atender necessidades internas no mundo externo é tola porque, na maioria das vezes, são questões que envolvem crises pessoais de auto-valorização e auto-estima.

Os casos ocorrem quando maridos e mulheres chegam num ponto de descrença total na mudança. Esta desesperança provoca uma dúvida imperativa de que o casamento não irá satisfazer importantes necessidades não resolvidas no contexto do casamento. A natureza desta necessidade direciona a pessoa a ser buscada , ou a que será permitida aproximar-se. Algumas necessidades são comumente identificadas como motivos para traições:

a) Necessidade de Conquista – Geralmente ligados a masculinidade, a conquista sexual está muito ligada ao poder de atração. No passado isto era mais comum, quando a iniciativa era a marca masculina e a passividade feminina. Para muitos homens mulher boa era a difícil. A relação de desafio era a que excitava, e no casamento ela deixaria de existir. Haveria muito pouco a se conquistar. Este recurso era e ainda é um eficiente suporte para a auto-valorização e dificilmente se conseguirá sobreviver sem ele; a não ser que ocorra uma revisão dos valores da masculinidade.

b) Necessidade de um Amante Jovem – Para alguns atingir a 3ª idade é algo ameaçador. Afinal toda nossa cultura é direcionada para os jovens. Mesmo com a ameaça do “tio Sukita”, enfrentar o envelhecimento pode ser doloroso. Durante este processo muitos deixam de se sentir atraentes, viris e sexy. O declínio das paixões sexuais, as insegurança e as necessidades de valorização que deixam de ser preenchidas em casa passam a ser buscadas em outros círculos. Todos nós precisamos aceitar as mudanças que ocorrem em nossas vidas e o envelhecimento é uma delas.

c) Necessidade de Vencer a Depressão – A depressão pode ser a base para muitos desdobramentos comportamentais, incluindo os motivos de infidelidade conjugais. Geralmente eles podem aparecer como meio de fuga do tédio, falta de objetividade na vida, perdas pessoais, desesperança, raivas e irrealizações. Quando tudo vai mal, seja lá qual for a fonte real da tristeza o companheiro é sempre o pólo das insatisfações. Ele é visto como o principal responsável pela felicidade do casal. Os casos ocorrem como meio de trazer excitação e prazer temporário, ou até como mesmo retaliação inconsciente contra o cônjuge.

d) Necessidade de evitar intimidade – No relacionamento conjugal necessariamente temos que lidar com a questão da dependência. Ela exerce parte fundamental no vínculo matrimonial. Isto pode ameaçar. Proximidade e intimidade nos torna vulneráveis, depender totalmente do outro pode trazer risco insuportável. Pode ocorrer, sem mesmo estarmos conscientes disto, de mentalmente fazermos uma “divisão de papéis”. Alguns são destinados ao nosso cônjuge outros direcionados para outras pessoas fora do casamento. Muitos casais estão famintos por aproximação, mas não crêem que seus companheiros conseguirão saciá-los em suas necessidades. Na realidade não querem que eles o façam. Um marido ou uma mulher pode representar determinada figura incongruente com outra imaginária. Por ex. ser uma boa mãe está dissociado de ser uma boa amante. Ser um pai responsável entra em choque com as fantasias sexuais alimentadas. A razão desta fragmentação geralmente vem de um modelo familiar distorcido. Esquecemo-nos que homens e mulheres são destinados a relacionamentos completos. Quando uma necessidade vital, como a dependência é retirada, será buscada em outro lugar, fora do casamento.

e) Necessidade de dupla identidade – Quando laços que unem o casamento são por demais aprisionadores (tipo obrigatórios), geralmente ligados a questões religiosas e morais. Pode ser que o homem ou mulher sinta necessidade de viver um outro tipo de vida furtiva. É o relacionamento mais enganador e hipócrita que existe. Finge-se “pelo bem dos filhos”, até que as criança cresçam”, “o que os outros vão pensar”. O outro exerce uma função simbólica. Não existe intimidade,pelo contrário, só distanciamento e superficialidade. A excitação e paixão reais ocorrem em outro lugar , com outra pessoa. Na maioria das vezes , estão satisfeitos, pensam que não estão machucando ninguém e recebem o melhor dos dois lados. A permanência desta fragmentação poderá gerar sentimentos ambivalentes e questionamentos internos , afetando a produtividade cotidiana.

A fim de manter encoberto o relacionamento extraconjugal o traidor reagirá com dissimulação e negação. Este esforço de guardar segredo será como um espinho na carne, sempre indicando que há algo de errado.

Pode ocorrer de existir culpa, que nem sempre é consciente, manifestando-se em irritabilidade, discussões, depressão e até mesmo falta de cuidado consigo mesmo (autodestruição). Alguns não suportam o peso das mentiras e falsidades e acabam contando tudo. O efeito sobre o cônjuge é devastador: choque, raiva, dor, dúvida, perturbação mental, confusão, depressão, difícil, é dizer se a ferida será cicatrizada e a confiança restabelecida. De qualquer forma resgatar o relacionamento poderá representar um esforço e coragem gigantescos. A cura leva mais tempo do que se espera , mas menos tempo do que se teme. O caminho da reestruturação passa pelo diálogo honesto e pela busca da mudança. Do mesmo modo a separação: pelo respeito dos limites e individualidades, direito ao luto e realinhamento de conduta. Feito isto o equilíbrio finalmente poderá ser estabelecido.

É possível ser fiel? Veremos no próximo artigo.